


O folclore brasileiro é muito
rico com suas danças, festas, comidas, obras de arte, superstições, mitos,
lendas, canções de ninar, cantigas de roda, onde exaltam a nossa cultura e ao
mesmo tempo faz parte da nossa história. Bem sabemos que teve a influência dos
nossos colonizadores, como também, dos nossos queridos irmãos africanos, e
principalmente da importância fundamental do índio, primeiros habitantes na Terra
de Vera Cruz.
Hoje, no Nordeste, ainda está bem
presente o folclore com suas manifestações, mas não com a mesma originalidade
do passado, cujo o objetivo era o divertimento e o prazer. Nos
dias atuais, o interesse comercial, muitas vezes, prevalece, perdendo assim
aquela magia, encanto, e beleza.
Lembranças dos folguedos do meu
sertão paraibano. Na minha época de criança e adolescência, eles divertiam muito o
nosso povo. Lembro da argolinha (cavalhada), onde era organizada lá no sítio
Jenipapeiro. Num pátio bem cuidado, colocavam-se dois postes de madeira. Era
amarrada uma corda, de um a outro poste, e nela a argolinha era suspensa pela
garra.
A partir daí, tinha início a parte mais emocionante do torneio: a corrida à argolinha, onde o cavaleiro, com sua lança na mão, corria em seu cavalo para tirar a argola do aro.
A partir daí, tinha início a parte mais emocionante do torneio: a corrida à argolinha, onde o cavaleiro, com sua lança na mão, corria em seu cavalo para tirar a argola do aro.
Formavam-se dois cordões: o
encarnado e o azul. O que tirasse mais argolas era o vencedor. Os cavalos e
seus cavaleiros eram enfeitados com fitas da cor do seu cordão. A torcida era
grande. A moçada se divertia bastante. Todos com as bandeirinhas nas mãos acenavam
numa euforia a cada cavaleiro que passava. Muitas vezes, depois da brincadeira
fazia-se um forrozinho ao som da sanfona, zabumba e pandeiro para comemorar o
cordão vencedor.
Já vivendo na cidade, foi a vez
de começar a participar dos folguedos existentes. O pastoril era um folguedo da
época do Natal, também composto de dois cordões: o encarnado e o azul. Nele figuravam
a Mestra, a Contra-Mestra e a Diana, elemento neutro, com seu vestido rodado e
as cores dos dois cordões. As pastoras ficavam todo tempo cantando. Sempre
tinha as músicas da boa noite e da despedida. Ganhava o cordão que mais
arrecadasse dinheiro pelas ofertas dos espectadores, culminando com a coroação
da Rainha.
Lembro também do São João, com
suas bandeirinhas enfeitando os arraiais. Dancei muita quadrilha e participava
das brincadeiras que animavam a festança. Tão diferente de hoje, que me dá uma
saudade... A quadrilha, por exemplo, já é de forma estilizada, não é mais uma
quadrilha matuta, mas um grupo de dança que tem uma coreografia própria, com
passos criados exclusivamente para a música escolhida. Por isso digo para mim
mesma: quero o meu São João de volta!
Outro folguedo que gostava de ir
era a vaquejada. Festa mais tradicional do ciclo do gado no Nordeste. Ela tem
toda uma história entre os fazendeiros e os vaqueiros. Já conheci a vaquejada
depois que ela se tornou um acontecimento urbano e confesso que não gostava de
assistir o ato da derrubada do gado. Ficava penalizada com o sofrimento de cada
um dos animais. Gostava sim, do forró, de estar em contacto com as pessoas,
montar cavalo, rever os amigos e namorar também. Tempo bom, sadio, onde todos
usufruíam com alegria, as brincadeiras da época.
Hoje, depois de tanto tempo,
passa tudo em minha mente como um filme e fico a imaginar... Como temos
histórias fascinantes para contar!
Neneca Barbosa
João Pessoa, 20/09/07