quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ARTESANATO











O artesanato brasileiro retrata os costumes e a história de um povo miscigenado, cheio de emoções para contar. Atualmente é muito diversificado e encontrado em todas as regiões do país. É por esse motivo que nossos produtos rompem fronteiras, chegando assim ao mercado exterior.

O artesanato, também faz parte da história da minha família. Lembro-me, quando criança, das mulheres utilizando a palha da carnaubeira, para a fabricação do chapéu de palha, do abanador, para acender a brasa do fogão de lenha, a esteira, onde era colocada no chão para a meninada fazer suas refeições, e a peneira, chamada de urupemba . Achava interessante aquele entrançado de palhas.

Havia também as louceiras, como eram chamadas, que fabricavam panelas e potes de barro. Ganhei até um conjunto de panelas em miniaturas, da minha Mãe. Como aquele presente me deu alegria, pois ia servir para a minha casinha de bonecas de pano. Os homens utilizavam o barro para a fabricação de telhas e tijolos. Tudo era tirado da própria terra. Abençoada terra que nos dá tudo que necessitamos!

A renda também fazia parte do nosso artesanato. O equipamento utilizado para a criação das rendas é rico em detalhes. Um almofadão, cheio de capim ou folha de bananeira, no qual ficava pregado um cartão furado, com o desenho da renda que se pretendia fazer. Um conjunto de alfinetes do espinho do mandacaru, que servia para prender a renda, e os bilros de madeira. Para quem vê, parece complicado, mas as rendeiras garantiam que a técnica é muito simples e fácil de fazer.

Duas figuras femininas afloram nas minhas lembranças: a da minha mãe e a da minha avó paterna. As duas tinham a habilidade de fazer renda.  Era utilizada para enfeitar vestido, anágua, saia usada por baixo do vestido, chambres ou camisolas e nas bordas das toalhas de mesa.

Minha avó também se dedicou, mais tarde, ao crochê. Fazia rostos para sandálias, mas sua especialidade era as varandas, confeccionadas para serem colocadas nas redes. Quão na era a sua satisfação quando via seus artefatos exibidos nos alpendres das casas dos familiares, que ela gostava de presentear. Todos admiravam o seu trabalho, mas nunca fez dele uma profissão.

Maria era o seu nome e que carinhosamente seus netos a chamavam de Madrinha Ica. Época em que quase ninguém tinha a oportunidade de estudar, apenas o pouco para ser alfabetizado, mas Ela era de uma grande sabedoria. Criatura admirável e extrovertida. Trouxe as características físicas das suas raízes, o índio, pois ela contava que sua bisavó, índia, tinha sido conquistada pelo seu bisavô, português, pela qual se apaixonara, dando origem a nossa família, Barbosa de Almeida e Carreiro. Gostava de uma prosa e lembro-me de uma quadrinha, que ela aprendeu com sua mãe e que costumava recitar.

“As coisas vistas de longe
Parecem um céu aberto
Por fora tudo bonito
Mas quanto dano encoberto.”

Neneca Barbosa
João Pessoa, 25/09/2007


Um comentário:

Dina a Ciganinha disse...

PASSEI PRA AGRADECER A VISITA E DESEJAR UM FELIZ NATAL!
BJS!