segunda-feira, 12 de novembro de 2007

MÃE, ROSA DO MEU JARDIM!






Em um jardim encontramos várias rosas e sempre nos encantamos por alguma especial. Assim também acontece no jardim do coração. Minha Mãe, que desabrochou de um botão, transformou-se em uma bela rosa perfumada e delicada, como as almas singelas. Ela tem um lugar especial no meu coração!

Julia era o seu nome. De origem latina e que significa cheia de juventude, brilhante, amiga... Mulher de estatura média, pele clara, olhos castanhos, cabelos pretos, com pequenos cachos e de uma beleza singular. Temperamento um pouco introvertido, sensibilidade apurada, sentimento reflexivo e de uma grande generosidade. Via em seu semelhante um ser criado por Deus, um irmão que merecia todo respeito. Estendia a mão para todo aquele que procurava nela um porto seguro.

Doadora de vidas, cumpriu o papel de co-criadora divina, gerando, no próprio ventre, nove filhos que lhes dedicou o seu amor incondicional. 

Morando no sítio Jenipapeiro soube enfrentar todas as dificuldades com paciência, abnegação e muita fé. Lembro-me ainda das novenas e terços rezados por toda família. Assistia a missa dominical, que era realizada em Riacho dos Cavalos, uma vez por mês. Lembro com emoção, quando ela montava seu cavalo alazão, de nome Rubi, e saia estrada a fora como uma exímia amazona. Rubi era faceiro, com seu trote magistral parecia deslizar pelo chão, levando em seu dorso aquela mulher aparentemente frágil, mas de uma grade força interior. As mulheres se trajavam de forma bem feminina, porque só usavam vestidos e sais. Quando iam montar um animal, em vez da sela era um silhão, peça de um só estribo, que elas sentavam de lado pelo uso da própria vestimenta.

São lembranças que vão chegando de um tempo que se foi. Era costume da época, que me chamava atenção, uma cadeira especial, quase sempre de palhinha, que algumas senhoras usavam para se sentarem durante a missa, e com uma almofadinha na parte de baixo para a hora de ficar de joelhos. E mãe tinha uma. Esta é um imagem, entre tantas outras, que guardo em minha memória.

No ano de 1962 mudamos definitivamente para a cidade de Riacho dos Cavalos, onde Pai foi nomeado pelo governo do Estado da Paraíba, para administrar a fazenda experimental de animais bovinos e equinos. A casa grande, com jardim e alpendre, pertencia também ao estado e era designada para o administrador. Mesmo com dificuldades de água para regar, na época da escassez das chuvas, Mãe mantinha uma variedade de plantas ornamentais. As mais conhecidas: rosa Amélia, bugari, cajado de São José, boca de leão, Romeu e Julieta, rosa dália, mimo do céu, açucena e outras. Sempre gostou muito de cuidar de todas elas.

Procurou direcionar seus filhos no caminho do bem, alicerçado em sua fé cristã. Com seu modo reflexivo, sempre nos preparou para agradecermos a Deus, todas as noites, pelo dia vivido e pedir perdão pelas faltas cometidas rezando o ato de contrição. Não era letrada, mas tinha sabedoria. Pois assim dizia: “Meninos vocês não sabem se amanhã vão amanhecer vivos”.

Sua partida para a pátria espiritual foi prematura para nós, que muitas vezes não compreendemos e não aceitamos os desígnios do Criador.  Ela cumpriu sua missão e deixou um grande legado construído sobre o alicerce do amor. Somos todos gratos pela grande Mulher e Mãe que foi.

Que saudade, minha gente, deste passado que me fez feliz e que guardo vivo na memória, sem nenhuma dor!

Neneca Barbosa
João Pessoa, 12/11/2007

 





3 comentários:

Leninha.Sol disse...

MINHA DOCE AMIGA...
É NO ENTARDECER QUE VENHO AQUI E TE DEIXO UM LONGO ABRAÇO JUNTO DO CANTIGO DOS ANJOS...
ASSIM NESSE CLIMA MARAVILHOSO DE PAZ...AGRADEÇO TUA LINDA AMIZADE E TUA ATENÇÃO PARA COM ESSA IRMÃ...Q MUITO RESPEITO TEM POR TI...COMO LINDO SER DE LUZ...Q ÉS...

...Oração não é palavra, é sentimento. Um olhar da alma, fixo no céu, vale mais que mil rosários rezados rotineiramente.
(Amélia D.Sóler, Fragmentos das Memórias do Padre Germano, cap. 6)



ESTAREI SEMPRE PERTINHO PARA OUVI-LA QUERIDA.
UM ABRAÇO CARINHOSO...

LENINHA...

COLOQUEI O END DE SEU BLOG NO MEU...NOS MEUS FAVORITOS

Unknown disse...

..."Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade."

Carlos Drummond de Andrade

Magna Vanuza disse...

Que aprendizado encontrei por aqui, um encanto e tanto. Parabéns, seu blog é um livro aberto.
Beijos!